07/07/2024 às 19h43min - Atualizada em 09/10/2024 às 19h43min

Sinal amarelo para seu bolso

Imagem: suntech.net
O mês de julho já começa trazendo mais um peso para o bolso do consumidor: a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL) anunciou uma mudança significativa na bandeira tarifária de energia elétrica no Brasil, passando da bandeira verde para a bandeira amarela.
 
Na prática, o consumidor pagará R$1,88 a mais para cada 100kWh de energia consumido em sua casa ou no seu estabelecimento (caso não possua geração própria ou contratos diferenciados com a concessionária - no caso de grandes consumidores).
 
A bandeira tarifária é um sistema criado para informar aos consumidores as condições de geração de energia no país, refletindo diretamente nos custos da eletricidade. A bandeira verde indica condições favoráveis de geração, enquanto a bandeira amarela sinaliza um aumento nos custos de produção devido à necessidade de acionamento de usinas termelétricas, que são mais caras e poluentes - e que agrava o processo de mudanças climáticas, aumentando a emissão de gases de efeito estufa.
 
A adoção da bandeira amarela é justificada pelas previsões de diminuição na média de chuvas até o final do ano e pela expectativa do aumento do consumo de energia por parte dos consumidores finais. Ambas as justificativas se baseiam muito nas mudanças climáticas que vem ocorrendo nos últimos anos, alterando o regime de chuvas e comprometendo o sistema nacional de geração de energia hidroelétrica e levando ao aumento de consumo devido ao uso de equipamentos para melhorar o conforto térmico nas casas e empresas.
 
Para os consumidores finais, a mudança para a bandeira amarela representa um aumento no valor da conta de luz. Em um país onde a energia elétrica já é uma das principais despesas das famílias, qualquer acréscimo pode comprometer ainda mais o orçamento doméstico. Especialmente em um contexto econômico de instabilidade, onde os preços dos alimentos e dos combustíveis também têm registrado aumentos, a elevação na tarifa de energia coloca mais pressão sobre os consumidores.
 
Além disso, os pequenos empreendedores são particularmente afetados pela mudança na bandeira tarifária. Para muitos negócios locais, como pequenas lojas, restaurantes, salões de beleza e escritórios, a energia elétrica é um insumo essencial para operação diária. O aumento na tarifa pode significar uma redução nos lucros já limitados ou a necessidade de repassar os custos extras para os clientes, o que pode impactar sua competitividade no mercado.
 
É crucial que medidas sejam tomadas para mitigar esses impactos de maneira a aumentar a resiliência aos eventos climáticos extremos (como secas prolongadas, que afetam a geração de energia). Pensar na eficiência energética das casas e empreendimentos é fundamental para diminuir a exposição a estes impactos, a exemplo de uso de equipamentos mais eficientes, instalação de sistemas de geração de energia solar e aquecimento de água, adoção de práticas e materiais que promovam o conforto térmico na construção civil, bem como o aproveitamento da luz natural.
 
Devemos pensar não apenas no aumento da geração de energia e utilização de fontes renováveis, mas também na diminuição do consumo de energia elétrica a partir de processos mais eficientes, tanto na produção quanto na manutenção da vida cotidiana das pessoas.
 
É necessário que todos se informem e estejam preparados para futuros aumentos do sistema de bandeira tarifária da ANEEL, pois no caso de consolidar o cenário de escassez hídrica que ocorreu nos últimos anos, viveremos momentos de encarecimento das contas de energia e consequentemente de todos os produtos e serviços consumidos diariamente, pressionando ainda mais o orçamento das famílias e a composição de custos das empresas.
 
Cuidar do meio ambiente, adotar ações de mitigação e adaptação frente às mudanças climáticas não é apenas mais uma pauta ambiental, é fundamental para garantir a sustentabilidade financeira dos negócios e a qualidade de vida da população.
 
Cledir Mendes Soares - Cientista Econômico Msc em Recursos Hídricos e Especialista em Desenvolvimento Local e ODS. Conselheiro Suplente no Conselho Municipal de Desenvolvimento Urbano, representando a Sociedade Civil pelo Movimento Sócio-Ambiental Caminho das Águas.
 
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