Na manhã deste domingo, 13, um cidadão flagrou um urutau pousado tranquilamente na placa de uma loja nas proximidades da Catedral de Assis, na Avenida Rui Barbosa. Ele achou interessante o registo e enviou as imagens para a redação do Assis News.
O mais estranho é que a ave não estava em uma árvore, onde costuma se camuflar, prática que lhe rendeu o apelido de ave-fantasma. As penas do urutau simulam cascas de árvores, o que lhe permite se esconder muito bem de predadores.
Mas, como não deveria haver nenhuma ameaça nas proximidades, essa ave não precisou se esconder e resolveu tomar uma brisa pousada na placa. Ou, o mais provável, é que as árvores estão cada vez mais escassas e o urutau escolha outros lugares onde tenha a sensação de segurança, tendo como opção apenas pontos em centros urbanos.
Conheça O urutau é uma ave da ordem Nyctibiiformes da família Nyctibiidae. Conhecido também como mãe-da-lua, urutau-comum, urutágua, urutágo, Kúa-kúa e Uruvati (nomes indígenas - Mato Grosso).
O nome urutau é tupi e significa “ave fantasma”. Há uma crendice na Amazônia de que as penas da cauda do urutau protegeriam a castidade. Por isso, a mãe varre debaixo das redes das meninas com uma vassoura confeccionada com estas penas.
Conta uma famosa lenda boliviana, que na densa mata habitava a bela filha do cacique de certa tribo, enamorada por um jovem guerreiro da mesma tribo, a quem amava profundamente. Amava e era amada. Ao saber do romance, o pai da menina, enfurecido pelos ciúmes, usou suas artes mágicas e tomou a decisão de acabar com o namoro da maneira mais trágica: matar o pretendente. Ao sentir o desaparecimento de seu amado, a jovem índia entrou na selva para procurá-lo. Enorme foi sua surpresa ao perceber o terrível fato. Em estado de choque, voltou para casa e ameaçou contar tudo à comunidade. O velho pai, furioso, a transformou em uma ave noturna para que ninguém soubesse do acontecido. Porém, a voz da menina passou à ave. Por isso, durante as noites, ela sempre chora a morte de seu amado com um canto triste e melancólico.
No Peru, mais especificamente na Amazônia peruana, o Nyctibius griseus é uma ave arraigada na mitologia dos povos indígenas, onde é conhecido como “Ayaymama”, pois seu canto também lembra uma criança exclamando “ai, ai, mama!”. A lenda peruana conta que um bebê foi abandonado por sua mãe na floresta para evitar que morresse por uma peste que já havia dizimado todo o povo. Ele então se transformou em uma ave, que todas as noites lamenta por sua mãe. Há muita superstição em torno dessa ave. Algumas pessoas, por desconhecimento acabam por rejeitá-la com medo de mau agouro ou má sorte. Infelizmente, por esse motivo, muitas solicitam o seu recolhimento pela Polícia Ambiental que acaba depositando-as em centros de triagem.
No Brasil, associa-se o canto do Urutau à lenda do Curupira:
O curupira é um anão forte e ágil de cabelos ruivos, presente nas lendas do folclore brasileiro. A lenda do curupira diz que ele é o protetor das florestas, que mora na mata e vive fazendo travessuras. Uma das principais características do curupira é possuir pés virados para trás. Dessa forma, ao caminhar, o curupira consegue enganar alguém que pretenda segui-lo olhando para suas pegadas. O perseguidor pensará sempre que ele foi na direção contrária.
Em outra versão uma bela moça se apaixonou por um rapaz em uma estrada a noite, até fizeram planos pra casar, mas depois que ele parou em lugar iluminado e viu que o rosto dela era horrendo ele a abandonou ela desolada pediu a uma bruxa que a transformasse em um pássaro, e agora vive por lamentar o abandono e a perda do seu amor.