A Sociedade Brasileira de Urologia estima que cerca de 2 milhões de brasileiros são afetados por infecções urinárias a cada ano. As ITUs (infecções do trato urinário) são a segunda infecção bacteriana mais comum no país. As mulheres têm prevalência nos diagnósticos, mas o problema é cada vez mais comum também nos homens e crianças e, por isso, exige cuidados específicos para prevenir seu agravamento.
De acordo com o Dr. José Roberto Colombo Júnior, urologista e especialista em cirurgia robótica urológica do Hospital Israelita Albert Einstein, existem várias causas que contribuem para o desenvolvimento da doença não sendo possível eliminar o problema para sempre da vida de um paciente. “Alguns fatores facilitam as infecções urinarias, como o diabetes, a constipação intestinal, após uma relação sexual, cálculos renais e alterações anatômicas do trato urinário.”
Nos homens, a incidência de infecção urinária é maior na infância e após os 60 anos. “Na infância, devido a presença de fimose e alterações funcionais tais como refluxo vesicoureteral - quando há o retorno da urina da bexiga para o trato urinário superior. Na fase mais tardia da vida, devido a hiperplasia prostática [aumento da glândula da próstata] e distúrbios miccionais”, explica.
Agravamento
Se não for tratada adequadamente, uma infecção urinária pode se agravar, e evoluir para formas mais graves da doença. Uma ITU não complicada, como a cistite, geralmente não representa risco de vida se tratada corretamente.
Se a infecção se espalhar para os rins (pielonefrite) ou para a corrente sanguínea (sepse), pode causar complicações sérias, até a morte. “A infecção é considerada grave quando é acompanhada por um quadro febril, apresentar alterações obstrutivas da via urinária, como cálculo urinário, estenose da junção ureteropiélica, e quando o paciente apresenta queda no seu estado geral como cansaço, indisposição, náuseas e vômitos.”
Sintomas, prevenção e tratamento
Segundo o especialista, os principais sintomas das infecções urinárias são a disúria (ardor ao urinar), polaciúria (urinar em curto intervalo de tempo e com volume pequeno), hematúria (presença de sangue na urina) e, nos casos mais graves, febre, dor lombar e queda no estado geral. O diagnóstico é feito por meio de exames laboratoriais de urina e sangue e exames de imagem.
A prevenção é feita pelo controle desses fatores, como manter o diabetes controlado, regularizar o hábito intestinal, urinar antes e após as relações sexuais, não ficar com a bexiga cheia por períodos prolongados e manter uma higiene pessoal adequada.
“Na infância, recomendamos atenção com a higiene adequada e acompanhamento dos problemas funcionais; já nos adultos, no tratamento adequado da próstata aumentada (HPB), para evitar o resíduo miccional elevado”, completa.
O tratamento engloba a utilização de antibióticos e acompanhamento dos fatores causais, quando estiverem presentes.
Infecção urinária de repetição
Já a infecção urinária de repetição, também conhecida como infecção do trato urinário recorrente, é um problema comum que afeta muitas pessoas, principalmente mulheres devido à anatomia do sistema urinário feminino, que facilita a entrada de bactérias na uretra.
“Para ser caracterizada uma infecção urinária de repetição, o paciente deve apresentar mais de duas infecções sem febre no semestre ou três ocorrências por ano, mas sempre após uma infecção urinária febril.”
A reincidência da infecção é sempre desconfortável e frustrante, mas com o tratamento adequado e mudanças no estilo de vida, é possível reduzir significativamente sua frequência e melhorar a qualidade de vida. Por isso, é importante procurar a ajuda de um médico especializado em urologia, seja para investigar a infecção da mais simples até a mais complicada. Alguns pacientes com infecções de repetição podem se beneficiar do uso de antibiótico profilático, chamado quimioprofilaxia.