Em reportagem veiculada pelo jornalismo da TV Cultura, o crime do combustível adulterado não para de crescer no Brasil e tem gerado um prejuízo de cerca de R$ 30 bilhões aos cofres públicos e empresas do setor. Sobra também para o consumidor e para o meio ambiente.
Na reportagem, a assistente de vendas Mariana da Costa relatou que há dois anos teve uma experiência ruim ao abastecer seu veículo. “O carro já começou a ‘pipocar’, não funcionava. Tive que rodar com o carro para queimar o combustível e bastecer em outro (posto). Aí nunca mais tive problema”.
Segundo o presidente do Instituto Combustível Legal, Emerso Kapaz, esse processo vem se enfatizando por conta de haver uma entrada muito forte do crime organizado dentro do setor de combustíveis e de alguns outros setores da economia. “Eles acabaram ganhando uma musculatura muito grande. Costumamos dizer que no setor de combustíveis eles estão do poço ao posto, ou seja, verticalizaram toda a sua entrada”.
Segundo a reportagem, o meio ambiente também é prejudicado pela falsificação de etanol, gasolina e óleo diesel. O nível de poluição gerado na queima de combustíveis batizados é muito maior que aqueles que não foram adulterados.
A diretora do Instituto Brasileiro de Petróleo e Gás, Ana Mandelli, explica que, quando há uma simples modificação nesses percentuais definidos em lei, há impacto ao meio ambiente, trazendo mais gases de efeito estufa que não deveriam estar sendo emitidos. “Ou, se eu troquei o componente que está ali dentro, estou trazendo para os motores uma dificuldade, uma quebra, gerando para o meio ambiente uma série de peças de reposição que precisarão ser descartadas”.
Um projeto de lei que tramita na Câmara dos Deputados cria diretrizes de prevenção e combate à comercialização de combustíveis adulterados, como: intensificar a fiscalização, identificar os postos que comercializam combustíveis adulterados e promover políticas públicas que estimulem as denúncias.
Enquanto essa lei não sai do papel, Ana Mandelli orienta o que fazer para não ser vítima desse crime. “É bom que o motorista sempre cheque no posto em que vai entrar se ele consegue ver a origem do combustível. Os postos têm uma regulação específica em que necessitam mostrar ao consumidor a origem do produto”.
Emerson Kapaz também deixa uma dica para o consumidor não cair na armadilha da adulteração: desconfie de produtos muito baratos. “A margem das distribuidoras é normalmente de 3% a 5%. Então, não é possível, por exemplo, você ter R$ 1,00 a menos na gasolina ou um preço diferenciado ou ainda aquelas promoções de final de semana: ‘pague em pix e receba um desconto diferenciado’. Tudo isso esconde alguma coisa diferente, alguma adulteração”.
Ele também orienta a sempre pedir a nota fiscal. “Se você tiver algum problema no motor depois, alguma necessidade de recorrer ao Procon, ao Ipen, a nota fiscal é sempre uma garantia”.
Confira a reportagem: